A importância da atividade física.

23 de agosto de 2018 - 11:48

O sedentarismo é pai de muitos males. A atividade física, ao contrário, é uma espécie de panaceia moderna com indicações comparáveis às poções receitadas para qualquer doença, já no Egito antigo.

A diferença, entretanto, é que os médicos do passado repetiam prescrições baseadas em crenças e princípios equivocados, enquanto acumulamos nos últimos anos extensa literatura com evidências claras dos benefícios de manter o corpo em movimento.

O aumento da expectativa de vida, ocorrido a partir do início do século passado, deslocou a mortalidade geral do campo das doenças infecciosas e parasitárias para as crônico-degenerativas. Hipertensão arterial, diabetes e obesidade tornaram-se as epidemias com maior prevalência até em países de renda mais baixa.

No Brasil, transtornos cardiovasculares e câncer ocupam o primeiro e o segundo lugar nas estatísticas das causas de morte, respectivamente. A vida sedentária aumenta o risco de infarto do miocárdio, derrame cerebral, obstruções em artérias periféricas, insuficiência renal crônica, problemas de visão e cardiopatias, entre outras enfermidades. Quando vem associada ao diabetes e à obesidade, os riscos se multiplicam.

Diversos tipos de câncer são mais frequentes em sedentários. A atividade física regular reduz a probabilidade do aparecimento deles e faz cair a mortalidade dos que passaram a praticar exercícios depois de receber o diagnóstico.

Em pacientes operados de câncer de cólon ou mama, por exemplo, o risco de recidiva chega a diminuir 30% quando adquirem o hábito de andar 30 a 40 minutos cinco vezes por semana.

"Na biologia nada faz sentido exceto à luz da evolução", disse o geneticista Theodosius Dobzhansky. O corpo que herdamos de nossos antepassados não surgiu ontem, é resultado de um processo de competição e seleção natural com milhões de anos de duração, que eliminou os menos aptos para conseguir alimentos e acesso à reprodução.

Graças a ele, temos pernas, coxas, braços, antebraços, pés e mãos articulados com dobradiças que nos conferem elasticidade para abaixar, levantar, andar, correr, subir em árvores. Tivesse sido selecionado para a vida que levamos nas cidades, para que as coxas se não vamos andar? Bastariam as pernas. Para que braços, se os antebraços já alcançam o teclado do computador? Na era dos celulares, então, nem eles seriam necessários, as mãos poderiam vir articuladas diretamente nos ombros.

Há evidências antropológicas de que o homem das cavernas andaria em média algo como cinco horas diárias. Na vida atual, convencer alguém a andar 30 minutos por dia é luta inglória.

Se você não consegue 30 minutos, num dia de 24 horas, para praticar uma atividade fundamental para preservar a saúde e melhorar o funcionamento do seu organismo, está vivendo errado. Deixou de levar em consideração o que existe de mais precioso em sua vida: o corpo, estrutura sem a qual você volta ao nada que existia antes da sua concepção.

(Drauzio Varella, em 19/08/2018 para a Folha de São Paulo)

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